15 de dez. de 2009




Livro: GÊNERO, SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO:
Autora: Guacira Lopes Louro

“Estar atenta ao intolerável” – critério significativo para alguém reconhecer o que vale a pena colocar em primeiro plano em sua vida, em suas reflexões e ações. Desprezar alguém por ser gay ou por ser lésbica na visão da autora é intolerável. No entanto, na nossa sociedade, essa parece ser uma atitude comum, corriqueira, talvez mesmo “compreensível”.
Conviver com um sistema de leis, de normas e de preceitos jurídicos, religiosos, morais ou educacionais que discriminam sujeitos porque suas práticas amorosas e sexuais não são heterossexuais para a autora é intolerável. Mas esse quadro parece representar, em linhas mais ou menos gerais, a sociedade brasileira. Por isso, sente-se autorizada a afirmar que a sexualidade ou as tensões em torno da sexualidade constituem-se numa questão que vale a pena colocar em primeiro plano.
Vale a pena observar também, imediatamente, que o que se coloca aqui é mais do que um problema de atitude. Esta é uma questão que se enraíza e se constitui nas instituições, nas normas, nos discursos, nas práticas que circulam e dão sentido a uma sociedade – neste caso, a nossa. As formas de viver a sexualidade, de experimentar prazeres e desejos, mais do que problemas ou questões de indivíduos, precisam ser compreendidas como problemas ou questões da sociedade e da cultura.
Entendo que a autora falando no intolerável estava se referindo ao preconceito. Por isso acredito que o preconceito é sim uma questão cultural e está mais enraizado em nós, do que podemos imaginar, não apenas o preconceito de raça, sexo e gênero, mas todo preconceito sobre o que nos é diferente. E isso só vai acabar quando aprendermos a encarar nossas próprias limitações e dificuldades com mais naturalidade, sendo possível assim, olhar o próximo com compaixão e sem julgamentos.


Letícia Jardim - PDN 21
15/12/2009

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